domingo, 25 de julho de 2010

Plano de Saúde privado - Porque os tratamentos oferecidos somente pioram, e quais os caminhos para um tratamento ideal. PARTE 1



Vamos começar com dois caminhos completamente opostos, mas que nos levarão ao mesmo fim.

1.
Enxergando por cima

Imagine primeiro que você é dono de um plano de saúde de médio porte. De uma cidade que os únicos planos de saúde que prestam são dos órgãos públicos, como Fortaleza, na década de 90 (faz tanto tempo...). Agora você tem uma grande quantidade de possíveis clientes, praticamente sem concorrência, e com toda a comunidade médica ao seu lado (sem citar nomes de empresas). Você oferece um serviço de boa qualidade, mas que é de início é limitado, pois não se tem como oferecer muita qualidade pra um número excessivo de clientes em uma cidade praticamente clamando por um plano de saúde (já que as pessoas de classe média para rica não dependerão do SUS). A oportunidade é vista pelos concorrentes, então em 2000, outros planos de saúde começam a competir pelas grandes empresas que estão clamando por um plano de saúde que satisfaça seus funcionários.

______Agora com uma concorrência, você precisa continuar com a grande maioria de clientes; reduz o preço da mensalidade e você consegue manter a maior parte do mercado. Somente com a diferença de que agora seu plano atinge mais de uma camada social. Tanto que antes não víamos cabeleireiros, motoristas, etc. com o mesmo plano de saúde que os empresários, funcionários da prefeitura e dos órgãos independentes do estado (procuradoria, TRT, TRE, etc.).

______Com um número grande de clientes você precisa ter demanda para esse monte de pessoas dependentes do seu plano. Fica decidido que você aumentará o número de profissionais filiados, mas que para isso não aumentará o pagamento para os profissionais (principalmente os serviços mais requisitados). Para compensar a baixa margem de lucro. Os seus filiados têm de atender o maior número de pacientes, no menor tempo possível para poder manter o padrão de vida que sempre tiveram. Caindo vertiginosamente a qualidade do serviço oferecido. Agora você tem um plano de saúde gigantesco, com o lucro baixo para os profissionais da saúde e que o único e maior objetivo é lucrar ainda mais a cada ano.

Características do Serviço oferecido para a maioria da população:

-Vários profissionais insatisfeitos com o que recebem do plano que garante a maior parte da renda dos mesmos.

-Um atendimento que depende principalmente de exames específicos pela velocidade da consulta que os médicos podem fazer devido à quantidade de pacientes por dia.

-Uma Longa lista de espera para os médicos mais conhecidos (considerados melhores da cidade). Com cerca de 2 meses de espera para conseguir uma consulta que seria por definição necessária a curtíssimo prazo.

-Um plano que constantemente nega diversos procedimentos para tentar economizar no que paga para cada profissional.



2.
Enxergando por baixo.

Vamos para o outro lado da moeda, agora você é um trabalhador de uma empresa de informática, tem um salário suficiente para manter uma família de 4 pessoas, com carro, saídas no final de semana e com plano de saúde família oferecido pela empresa que você trabalha. De tanto trabalhar no computador você acaba desenvolvendo uma tendinite no antebraço (Epicondilite nos dois braços). Como pessoa responsável você não pode deixar de trabalhar nem enrrolar o trabalho. Detentor de um plano de saúde considerado bom, você tenta marcar uma consulta com um traumatologista. Porém como é um traumatologista de um plano de saúde e indicado por um amigo que o considera excelente, só tem vaga para daqui há 1 mês e meio. Então você resolve esperar a consulta já que ele é um bom médico e irá resolver o seu problema. A dor piora. Você começa a perder força nos braços, e o trabalho agora é sacrificante, mas como ainda não conseguiu a consulta você não tem o laudo médico para lhe afastar do causador do problema, o trabalho.

Chegando ao consultório médico, sua consulta está marcada para ás 14:00 más o médico se atrasou em uma cirurgia e agora tem de atender 15 pessoas antes de você. Sua consulta só vai ser feita já ás 18:00 e quando você entra na sala, o dito bom médico já está esgotado, de saco cheio e morrendo de fome. Ou seja, sua consulta é pior do que a oferecida por um médico do SUS que não quer trabalhar. Ele te passa um antiinflamatório, um relaxante muscular para a dor e um ultra-som dos antebraços. Isso tudo em 15 minutos, além disso, pede pra você retornar com o resultado do ultra-som.

-Pelo que sei essa poderia ser a próxima sala de espera que você terá de enfrentar

Após conseguir realizar o ultra-som você retorna ao médico em um tempo menor (uma semana). Só que a simples tendinite, pelo tempo sem tratamento, se torna em uma degeneração grave da musculatura, que necessitará de um tempo de repouso relativamente grande, associado com fisioterapia para trazer a função normal dos tecidos envolvidos.

O médico agora lhe encaixa entre uma consulta e outra, passa 10 minutos com você e lhe prescreve outro medicamento associado com fisioterapia motora. Após isso diz pra você retornar em 1 mês, porém esquece de te dizer que a parte mais importante agora é parar com a causa do problema, repouso de no mínimo 1 semana das atividades trabalhistas para a fisioterapia ter o efeito desejado.

Então problema que poderia ter sido resolvido em questão de 1 mês, agora virou uma bola de neve que irá se arrastar por um grande período, pois você não pára de trabalhar e o que a fisioterapia melhora você desfaz tendo que trabalhar, pois não existe o laudo do médico pedindo o afastamento temporário do trabalho. E isso começa a se arrastar durante todo o ano. Chegamos ao ponto onde a maioria dos pacientes que utilizam o serviço de Fisioterapia estão. Sem cura próxima, mas sem estar incapacitado o suficiente para trabalhar todos os dias.

____Não se engane, isso não acontece só nos pacientes da traumatologia e reumatologia. Acontece em todos que necessitam do serviço do seu plano de saúde, independente de área ou especialidade. Este é apenas um exemplo do que acontece com mais e mais pessoas que dependem de algum plano de saúde privado.

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